A IMPRENSA BRASILEIRA E A POLÍCIA (PARTE 2) - Caso Eloá


Mais um Capítulo da Novela ... A Próxima Vítima em São Paulo
Análise do Caso Eloá
Texto de Rafael Oliveira

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Mais uma vez a imprensa brasileira demonstra não ter limite para sua “liberdade de imprensa” e qual é o verdadeiro sentido de sua insaciável sede de audiência.

O primeiro folhetim foi o “Maníaco do Parque”, seguido por “Suzane von Richthofen”, depois de vários maníacos, chegamos em 2008 com o “caso Isabela” e logo após o “caso Eloá”, agora estamos tendo ainda o caso do outro jovem que matou uma adolescente ainda na capital paulista.

No “caso Eloá” a imprensa conseguiu bater recordes de intrometo, a imprensa teve seu momento ‘Big Brother Seqüestro’, tendo imagens que até mesmo a própria policia paulista não conseguiu. Chegando mais longe ainda, a apresentadora Sonia Abrão teve a liberdade de telefonar para o seqüestrador Lindemberg e ter uma entrevista exclusiva. Durante a entrevista o jornalista entrevistador ainda pede para que Lindemberg assista a entrevista às 2 horas da tarde, pede-o para ter calma e o apóia. Após a entrevista Sonia Abrão comenta o tempo de prisão de um seqüestrador e tudo que irá acontecer ao Lindemberg libertar as amigas.
Resultado: Lindemberg que havia prometido que iria libertar as garotas, mudou de idéia na hora, começando com a guerra Datena x Abrao.

Com o caso Eloá, os telejornais conseguiram uma audiência extraordinária e os patrocínios geraram milhões as emissoras. No Brasil a desgraça alheia vale muito financeiramente.
Mas esse problema não acontece apenas em São Paulo, essa semana está sendo a premiére do filme que conta o caso do ônibus seqüestrado no Rio de Janeiro. A mídia brasileira investe duramente em difamar a cidade maravilhosa e ganha milhões com isso, onde muitos até inventam reportagens fantasmas e mentirosas, algumas até investem no próprio tráfico de drogas para ter o que comentar. A verdade que muitas cidades brasileiras se afundaram por causa da própria liberdade de imprensa. Quantas vezes ouvimos que mais 50 pessoas morreram na favela e ao investigarmos a fundo vemos que foram apenas 12 bandidos que morreram?

Esta é a oportunista frase do diretor Bruno Barreto, diretor do filme “Ultima Parada”, em exibição nos cinemas a partir de hoje:
“Tanto Sandro quanto Lindemberg sentiam a necessidade de serem vistos, queriam divulgar sua dor”.... Por isso.. Assista o filme...


Por que não passou na TV sobre os turistas assaltados em frente ao Congresso Nacional? Por que não fala sobre o jovem que levou um tiro no Palácio da Alvorada? Mas uma bicicleta roubada na Rocinha é capa de jornal no mesmo dia que o banco que patrocina nossos jornais desvia milhões do que deveria ir para a saúde brasileira.

Essa é a máfia dos jornais brasileiros, a ditadura das emissoras cariocas e paulistanas.





Para finalizar essa reportagem, apenas tenho a criticar a péssima tática da policia paulista.
Começando pelo fato ridículo da bateria do celular do negociante ter acabado a bateria durante a negociação com Lindemberg.

Depois disso o fato dos policiais terem ouvido tiros do além antes de invadir o apartamento.
E o pior de todos é o fato da primeira vez da história que o seqüestrador liberta uma refém e logo após a policia manda-a retornar.

A policia paulista teve diversas chances de dar um tiro preciso nas várias vezes que Lindemberg ia até a janela.

A policia paulista deu a desculpa por causa da repercussão de ter matado um jovem com crise amorosa. E daí? Desde quando a policia de algum lugar deve ligar para o que a mídia fala enquanto há um seqüestrador armado ameaçando a matar as duas menores de idade durante três dias.

A polícia não teve capacidade de ter dado um desfecho menos dramático ao caso.

E terminamos essa novela sem saber quem matou Eloá Pereira. Seria mesmo Lindemberg? Seria Sonia Abrão? Seria a imprensa? Seria a policia? Ou seria nós mesmos que damos audiência a essa hipocrisia?



Rafael Oliveira, Frankfurt, 24 de Outubro de 2008

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